quarta-feira, 10 de novembro de 2010


Carta de princípios de uma cidade educadora

CIDADES EDUCADORAS SÃO, ASSIM, TODAS AS QUE ASSUMEM COERENTE E CONSEQUENTEMENTE O IMENSO POTENCIAL QUE O SEU PATRIMÓNIO CULTURALMENTE CONSTRUÍDO LHES PROPORCIONA, TRANSFORMANDO-O, DESTE MODO, EM CAPITAL EDUCATIVO.

A ideia de cidade educadora implanta-se com a tomada de consciência social de que educar, sendo uma tarefa específica da escola e da família, é, antes de mais, uma responsabilidade da sociedade no seu todo e na totalidade da sua acção no espaço e no tempo. Daí que se exija à cidade, enquanto nicho central da vida colectiva contemporânea, que se humanize e se transcenda como meio integralmente humano e humanizante. Afinal, as cidades, se, agregando as pessoas, cresceram como centros da actividade económica, não terão que redundar necessariamente em espaços de violência e de exclusão, conforme tendem a ser estigmatizadas pelas próprias realidades sociais em que frequentemente mergulham. Mas, constituindo realidades incontornáveis do nosso universo social, as cidades são também e sobretudo centros privilegiados de oportunidades.
Cidades educadoras são, assim, todas as que assumem coerente e consequentemente ? através de um programa sistemático e intencionalmente dirigido de acção formadora - o imenso potencial que o seu património culturalmente construído lhes proporciona, transformando-o, deste modo, em capital educativo. O desafio é, pois, o de valorizar, a par do capital económico ? e até através dele - , o próprio capital educativo.
De forma a facilitar a estruturação desse desafio, tento esboçar, de seguida, uma carta de princípios da cidade educadora. A ser, naturalmente, completada e emendada por quem a ler.

  1. A cidade educadora assume a cultura, antes de mais, como a busca de sentidos para a vida, o que implica não a ver como mais uma frente de consumo passivo, mas, sobretudo, como um processo de produção que motiva a criatividade e estimula a curiosidade.
  2. A cidade educadora concebe a educação, simultaneamente, como um processo, como um meio e como um produto que, através destas diferentes dimensões, se constitui como um bem social que a valoriza e dinamiza.
  3. A cidade educadora acolhe uma concepção aberta e diversificadora de saberes, de práticas e de expressões culturais, procurando delinear tempos e espaços formais e informais de permuta e de aprofundamento das respectivas idiossincrasias e potencialidades.
  4. A cidade educadora abre-se às outras cidades, surpreendendo as semelhanças e experimentando o desafio das diferenças.
  5. A cidade educadora explora educativamente o património das tradições, no mesmo movimento em que, com a identidade que elas proporcionam, faz delas o solo da inovação.
  6. A cidade educadora consolida as escolas como instituições educativas, ao mesmo tempo que valoriza e cria outros núcleos de formação onde as pessoas possam dar o seu saber e usufruir do saber dos outros.
  7. A cidade educadora acolhe os que querem aprender e ensinar, sem prejuízo de submeter todas as propostas e projectos a critérios de exigência organizativa e aos princípios de um plano regulador.
  8. A cidade educadora procura motivar todas as pessoas e instituições para participarem na actividade educativa como um projecto pessoal e colectivamente gratificante de vida em comum.
  9. A cidade educadora, aberta à participação, propõe a todos uma relação de contrato ético mutuamente responsabilizante.
  10. A cidade educadora define prioridades de formação em função de um processo de avaliação de carências, de objectivos e de recursos.

Leram? Como seria interessante se um projeto de Cidade Educadora tramitasse em todas nas vias de política pública. Pensem em Santa Maria, reflitam o quanto nossa cidade necessita dessas motivações! Aqui infelizmente, ainda não contamos com salas de cinema, de teatro. Ainda não temos escolas de música , dança e arte. Algumas escolas públicas detêm este papel. Mas na verdade, o que pedimos, é que a Adminstração de Santa Maria aja , atue, busque através de medidas apropriadas, incrementar boas ações. Não basta apenas ser uma utopia. Precisamos que isto se torne real, haja vista , especialmente, o número de jovens que andam nas ruas sem perspectiva.

Nesse sentido, propomos uma AÇÃO PEDAGÓGICA mobilizadora. Propomos uma ação artística poética que toque profundamente e permaneça viva na memória e principalmente que se torne um primeiro passo forte e bem marcado. Iremos trabalhar com a criação e elaboração de cartas. Todas devem conter os anseios, intenções e ou necessidades da comunidade que passa pelo portão de acesso e se dirige à Santa Maria. Quais são suas motivações? Quais suas necessidades? O que as famílias solicitam para seus filhos? O que pensam e sentem em relação ao futuro, especialmente sabendo que novos administradores tomarão as rédeas e determinarão o que será concebido. Temos que ter representação no governo, temos que falar, mostrar nosso ponto de vista e cobrar soluções. Afinal, estão lá por conta de nossos votos, de nossa confiança. Estão nos representando.

Para que a ação pedagógica acontece necessitamos de todo apoio. Marcaremos a ação, provavelmente dias 19 e 20 de novembro!. Haverá no portão uma nova comunicação ! Aguardem , escrevam cartas, façam desenhos, solicitem !

E desde já, desejamos um bom final de ano para todos !